quinta-feira, 19 de março de 2020

O que podemos aprender com a história de Alice no País das Maravilhas?


Alice no País das Maravilhas tem vários recados a dar ao mundo, mas vamos a três delas apenas:

Bom…

Em um momento da história, Alice conversa e pergunta para lagarta:

“Como eu posso crescer?”

Então, a Lagarta respondeu:

“Alice, coma o cogumelo! porém, um lado do cogumelo serve para crescer e outro lado serve para diminuir!”

Alice olha para o cogumelo e não vê nenhuma marcação no cogumelo. E então, Alice, pergunta, novamente:

“Como sei que um lado cresce e de outro diminui?”

E assim a lagarta se mandou! Alice então estende os braços, tira um pedaço de cogumelo de um lado e tira de outro, e ela percebe que de um lado crescia e de outro diminuía.

Mas, o que isto tem a ver conosco? Quem é o cogumelo?

O cogumelo representa o MUNDO! O mundo sem DEFINIÇÕES, sem MARCAÇÕES.

O cogumelo não tem marcação de lados, portanto, diante de um mundo sem definições, Alice, DÁ UMA DEFINIÇÃO PARA O MUNDO E VIVE DE ACORDO COM A DEFINIÇÃO QUE ELA DEU. Esta passagem do cogumelo mostra que ele não tem demarcações, sinais que apontam uma direção, uma flecha que diz que aumenta e diminui, o cogumelo é neutro, portanto, cabe a Alice construir as convicções e viver de acordo com elas.

O mundo não está pronto objetivamente, não há nada no mundo em si que o defina! mas somos nós que definimos o mundo, já que não há critérios que digam o que é certo ou errado no mundo, pois quem constrói os critério sé cada um dos seres humanos.

Portanto, o cogumelo Mundo, mostra que não existe uma caixinha mágica dizendo por onde ir, não há critérios objetivos pra julgar a realidade ou critérios morais objetivos pra dizer se isto é bom! Não há nada natural, na natureza não tem nenhum recado mágico, nenhum mosquito poderoso pra dizer no nosso ouvido o que fazemos e por onde devemos ir. Enfim, como não tem essa direção, Alice definiu o que ia viver.

Outra passagem da história que me chamou a atenção é o diálogo entre o Gato e Alice, aliás, o Gato se expõe de ser o ÚNICO SER CONSCIENTE daquele mundo, então, o Gato é o único ser que sabe quem ele é!

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Tem uma cena em que o Gato está parado numa árvore, e então, Alice, pergunta:

“Para onde devo ir?”

Gato responde:

“Eu não sei! depende: pra onde você quer ir? Se você não sabe qual lugar onde você vai, pra qualquer lugar você pode ir. Por este lado você encontra a lebre de março e por outro l.ado você encontra o chapeleiro, os dois são loucos!”

Alice responde:

“Mas eu não quero achar gente louca!”

O Gato responde:

“Você não pode evitar! todos aqui somos loucos!”

Quer dizer: Não há um fundamento racional ou lógico na construção que fazemos do mundo, a construção que fazemos do mundo é arbitrário e racional.

Numa outra passagem Alice encontra a rainha de copas e num certo momento convida-a para jogar croquetes. Elas começam a jogar, mas Alice, percebe que quando ela vai bater na bolinha, percebe que o taco era um flamenco e quando bate o taco, desobedece, e sai da direção da bolinha. Já a bolinha era um bicho (furão), mas quando vai entrar no buraco, ele muda de direção e isto acontece com as argolas, também. E então, Alice percebe que todos estes bichos não tem comportamento igual com todos, no fundo o jogo todo era organizado para a rainha de copas vencer e assim o jogo acaba sendo injusto, a rainha tem privilégios no jogo que lhe dará a vitória, mas por que ela tem estes privilégios? Por que ela é a dona do jogo! a poderosa! a dominante do jogo! ela tem o poder de cortar as cabeças! Como ela tem poder, então define o jogo, mas SÓ ALICE PERCEBE QUE O JOGO ERA INJUSTO.

O que podemos aprender com isto?

O jogo de croquetes é apenas uma representação do que acontece na realidade, ele é uma miniatura do que acontece na vida cotidiana, pois o mundo que vivemos é um grande jogo! Ele tem regras, instituições, alvos, mas a nossa sociedade não é justa com todos os jogadores. E nós temos a ilusão que estamos submetidos as mesmas regras, somos iguais, mas no fundo os dominantes da sociedade controlam o conhecimento, as instituições, que manterão seus filhos como dominantes do jogo.


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