O Réveillon
ou Ano-Novo é a comemoração da passagem de ano do dia 31 de dezembro para o dia
1º de janeiro do ano seguinte. A palavra veio do francês e significa
“despertar” ou “acordar”, em referência à nova etapa de vida que se inicia. O 1º
de janeiro consolidou-se como Ano-Novo somente no século XVI, com o surgimento
do calendário gregoriano.
Origem
do Ano-Novo
A festa de
Ano-Novo já é uma tradição no Brasil e em boa parte do mundo, assumindo, em
muitos casos, um caráter religioso cristão. No entanto, a origem do Réveillon é
muito anterior ao cristianismo, sendo geralmente atribuída à Mesopotâmia, em
2000 a.C., remetendo a algo como o “Festival de Ano-Novo”. Persas, fenícios,
assírios e gregos, desde tempos remotos, também realizavam suas celebrações de
passagem de ano.
Por
que o Réveillon é celebrado em 1º de janeiro no Brasil?
No Brasil,
assim como na maior parte dos países de tradição ocidental, o Réveillon é
comemorado no 1º de janeiro. O mês de janeiro foi criado pelos romanos, no
século VIII a.C., e seu nome era uma homenagem a Jano, deus romano das mudanças
e das transições. No entanto, os romanos ainda celebravam a passagem de ano no
início da primavera, que se dava em março.
Acredita-se
que os romanos teriam passado a comemorar a passagem de ano a partir do século
II a.C. Atribuiu-se essa mudança ao conflito dos romanos com os celtiberos,
povos celtas que residiam na Península Ibérica. Essa antecipação tinha relação
com questões burocráticas e logísticas que envolviam o exército romano e foi
aprovada pelo Senado, em 153 a.C.
Apesar dessa
mudança oficializada, o povo romano seguiu com a tradição de comemorar-se a
passagem do ano no mês de março. Em 46 a.C., o antigo calendário romano foi
substituído pelo calendário juliano, nomeado assim em homenagem a Júlio César.
O início do ano, na tradição popular romana, ainda recaía sobre março.
A partir da
cristianização da Europa, estabeleceu-se certa resistência, em alguns lugares,
a comemorar-se a passagem do ano em janeiro porque o nome do mês era uma
homenagem a um deus pagão. Ainda assim, houve povos, como os francos (sob a
dinastia merovíngia), que celebravam a passagem do ano em 1º de janeiro. A data
foi cristianizada e tornou-se o Dia da Circuncisão.
A
cristianização da data fez com que ela fosse adotada por alguns dos reinos que existiam
na Península Ibérica durante a Idade Média, embora muitas mudanças tenham
acontecido na questão de qual data seria adotada como o início do ano. A
verdade é que, nesse período, havia uma intensa disputa, uma vez que muitos
reinos cristãos queriam que o Dia da Anunciação, 25 de março, fosse considerado
como o dia do Ano-Novo.
O dia 1º de
janeiro foi oficializado como Dia de Ano-Novo por conta da mudança do
calendário no século XVI. Essa mudança foi realizada pelo papa Gregório XIII e
determinou uma reforma no calendário, que passou a ser conhecido como
calendário gregoriano. O antigo calendário, o juliano, deixou de ser utilizado
porque tinha uma pequena imprecisão de três dias a cada 400 anos.
Com a
reforma do calendário gregoriano, o dia 1º de janeiro tornou-se de fato o
primeiro dia do ano. Com o tempo, outros países foram adotando esse novo
calendário, e a celebração do Ano-Novo passou a ser em 1º de janeiro. Os
ingleses, por exemplo, aderiram ao 1º de janeiro como primeiro dia do ano
somente no século XVIII.
O Brasil
adotou essa prática por conta da influência portuguesa aqui. No século XVI,
Portugal era um país muito católico e, por isso, obedeceu à reforma no
calendário feita pelo papa, e, assim, o calendário gregoriano foi adotado e o
1º de janeiro foi consolidado como o primeiro dia do ano para os portugueses.
Essa tradição foi, então, trazida para o Brasil.
Tradições
de Ano-Novo
Atualmente,
o mais comum durante a comemoração do Ano-Novo é o show de fogos de artifício,
além das inúmeras tradições que variam de um país para outro. No Brasil, por
exemplo, existem várias tradições herdadas das religiões de matriz africana e
afro-brasileira, tais como o candomblé e, principalmente, a umbanda.
O culto a
Iemanjá com oferendas ao mar é praticado até mesmo por pessoas que não fazem
parte dessas religiões, tendo uma grande receptividade com o público católico.
Outro hábito herdado dessas religiões é o ato de vestir-se de branco, uma
superstição pela promoção da paz e, na origem, um hábito para reverenciar as
cores do orixá Oxalá.
Para muitos,
o Réveillon é um momento de renovação, de planejar ou de colocar em prática
planos antigos. Assim, são várias as simpatias e superstições para que tudo
ocorra bem, como comer lentilhas, pular sete ondas (o número sete também se
relaciona a religiões e crenças), comer sete sementes de romãs, entre outros
inúmeros hábitos.
É claro que
isso tudo é simbólico, sendo, portanto, práticas de manifestação cultural que
revelam as relações de identidade das pessoas com a sociedade e o espaço. A
adoção de práticas originárias de religiões de matriz africana demonstra bem o
sincretismo religioso na sociedade brasileira, uma vez que tais práticas disseminaram-se
pelo país e são realizadas por pessoas de diferentes religiões.
Aqui no
Brasil é muito comum que as pessoas chamem o Ano-Novo pelo termo francês, Réveillon. Esse termo, originalmente, era
utilizado para referir-se a festas que viravam a noite, mas passou a referir-se
às festas de Ano-Novo da nobreza francesa durante o século XVII.
O termo tem
um significado relacionado com “acordar”, “despertar”, sendo, portanto, o
acordar ou despertar de um ano novo. Essa tradição francesa ganhou outros lugares
do mundo a partir do século XIX e chegou a locais como o Brasil. O termo
popularizou-se no país por meio das festas das elites daqui.
Ano-Novo
em outras partes do mundo
Comemorar o
Ano-Novo no dia 1º de janeiro é uma tradição, principalmente, ocidental e
cristã. Embora o mundo, oficialmente, siga o calendário gregoriano, muitos
povos diferentes possuem celebrações de Ano-Novo acontecendo em outras datas
que não o 1º de janeiro. Vejamos alguns exemplos:
Judeus:
o Ano-Novo judaico é conhecido como Rosh Hashaná e é celebrado entre o final de
setembro e o início de outubro. As festas de Ano-Novo para os judeus são
ocasiões de reunião familiar, mais privadas.
Muçulmanos:
o Ano-Novo muçulmano é celebrado no mês de maio. A passagem de ano para os
muçulmanos celebra a Hégira, a ida de Muhammad de Meca para Medina.
Chineses:
o Ano-Novo dos chineses é determinado pelo calendário chinês e acontece entre
janeiro e fevereiro do calendário gregoriano. Os chineses costumam fazer
grandes celebrações durante seu Ano-Novo.
Por
Daniel Neves e Me. Rodolfo Alves Pena
PENA,
Rodolfo F. Alves. "Ano-Novo e Réveillon"; Brasil Escola. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/reveillon.htm. Acesso
em 30 de dezembro de 2020.