A Igreja Católica dá início
neste Domingo de Ramos, 28 de março – a Semana Santa que se estende até o
próximo domingo, dia 4 de abril – domingo de páscoa. A Semana Santa é o
momento central da liturgia católica romana e é a semana mais importante do ano
litúrgico, quando se celebram de modo especial os mistérios da paixão, morte e
ressurreição de Jesus Cristo.
Este ano, novamente, a
vivência desse momento será diferente por causa das exigências sanitárias
impostas diante do avanço da pandemia da Covid-19. Em muitas regiões do país,
as celebrações serão mais simples, com a presença limitada ou sem a presença
física de fieis nas Igrejas.
Domingo de Ramos
O Domingo de Ramos abre, por
excelência, a Semana Santa, pois celebra a entrada triunfal de Jesus Cristo, em
Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, a Morte e a Ressurreição. Este
domingo é chamado assim, porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e
folhas de palmeiras para cobrir o chão por onde o Senhor passaria montado num
jumento. Com isso, Ele despertou, nos sacerdotes da época e mestres da Lei,
inveja, desconfiança e medo de perder o poder. Começa, então, uma trama para
condená-Lo à morte. A liturgia dos ramos não é uma repetição apenas da cena
evangélica, mas um sacramento da nossa fé, na vitória do Cristo na história,
marcada por tantos conflitos e desigualdades.
Segunda-feira Santa
Neste dia, proclama-se,
durante a Missa, o Evangelho segundo São João. Seis dias antes da Páscoa, Jesus
chega a Betânia para fazer a última visita aos amigos de toda a vida. Está cada
vez mais próximo o desenlace da crise. “Ela guardava este perfume para a minha
sepultura” (cf. João 12,7); Jesus já havia anunciado que Sua hora havia
chegado. A primeira leitura é a do servo sofredor: “Olha o meu servo, sobre
quem pus o meu Espírito”, disse Deus por meio de Isaías. A Igreja vê um
paralelismo total entre o servo de Javé cantado pelo profeta Isaías e Cristo. O
Salmo é o 26: “Um canto de confiança”.
Terça-feira Santa
A mensagem central deste dia
passa pela Última Ceia. Estamos na hora crucial de Jesus. Cristo sente, na
entrega, que faz a “glorificação de Deus”, ainda que encontre no caminho a
covardia e o desamor. No Evangelho, há uma antecipação da Quinta-feira Santa.
Jesus anuncia a traição de Judas e as fraquezas de Pedro. “Jesus insiste:
‘Agora é glorificado o Filho do homem e Deus é glorificado nele’”. A primeira
leitura é o segundo canto do servo de Javé; nesse canto, descreve-se a missão
de Jesus. Deus o destinou a ser “luz das nações, para que a salvação alcance
até os confins da terra”. O Salmo é o 70: “Minha boca cantará Teu auxílio.” É a
oração de um abandonado, que mostra grande confiança no Senhor.
Quarta-feira Santa
Em muitas paróquias,
especialmente no interior do país, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro”
na Quarta-feira Santa. Os homens saem de uma igreja ou local determinado com a
imagem de Nosso Senhor dos Passos; as mulheres saem de outro ponto com Nossa
Senhora das Dores. Acontece, então, o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho.
O padre proclama o célebre “Sermão das Sete Palavras”, fazendo uma reflexão,
que chama os fiéis à conversão e à penitência.
Quinta-feira Santa
Santos óleos –
Uma das cerimônias litúrgicas da Quinta-feira Santa é a bênção dos santos óleos
usados durante todo o ano pelas paróquias. São três os óleos abençoados nesta
celebração: o do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos. Ela conta com a
presença de bispos e sacerdotes de toda a diocese. É um momento de reafirmar o
compromisso de servir a Jesus Cristo.
Lava-pés –
O Lava-pés é um ritual litúrgico realizado, durante a celebração da
Quinta-feira Santa, quando recorda a última ceia do Senhor. Jesus, ao lavar os
pés dos discípulos, quer demonstrar Seu amor por cada um e mostrar a todos que
a humildade e o serviço são o centro de Sua mensagem; portanto, esta celebração
é a maior explicação para o grande gesto de Jesus, que é a Eucaristia. O rito
do lava-pés não é uma encenação dentro da Missa, mas um gesto litúrgico que
repete o mesmo gesto de Jesus. O bispo ou o padre, que lava os pés de algumas
pessoas da comunidade, está imitando Jesus no gesto; não como uma peça de
teatro, mas como compromisso de estar a serviço da comunidade, para que todos
tenham a salvação, como fez Jesus.
Instituição da Eucaristia –
Com a Santa Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde ou na noite da
Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e faz memória
da Última Ceia, quando Jesus, na noite em que foi traído, ofereceu ao Pai o Seu
Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou aos apóstolos
para que os tomassem, mandando-os também oferecer aos seus sucessores. A
palavra “Eucaristia” provém de duas palavras gregas “eu-cháris”, que significa
“ação de graças”, e designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob
as aparências de Pão e Vinho.
Instituição do sacerdócio –
A Santa Missa é, então, a celebração da Ceia do Senhor, quando Jesus, num dia
como hoje, véspera de Sua Paixão, “durante a refeição, tomou o pão, benzeu-o,
partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é meu corpo’.”
(cf. Mt 26,26). Ele quis, assim como fez na última ceia, que Seus discípulos se
reunissem e se recordassem d’Ele abençoando o pão e o vinho: “Fazei isto em
memória de mim”. Com essas palavras, o Senhor instituiu o sacerdócio católico e
deu-lhes poder para celebrar a Eucaristia.
Sexta-feira Santa –
A tarde da Sexta-feira Santa apresenta o drama incomensurável da morte de
Cristo no Calvário. A cruz, erguida sobre o mundo, segue de pé como sinal de
salvação e esperança. Com a Paixão de Jesus, segundo o Evangelho de João,
contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da
Mãe, do soldado que o transpassou o lado. Há um ato simbólico muito expressivo
e próprio deste dia: a veneração da santa cruz, momento em que esta é
apresentada solenemente à comunidade.
Via-sacra –
Ao longo da Quaresma, muitos fiéis realizam a Via-Sacra como uma forma de
meditar o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na
cruz. A Igreja nos propõe esta meditação para nos ajudar a rezar e a mergulhar
na doação e na misericórdia de Jesus que se doou por nós. Em muitas paróquias e
comunidades, são realizadas a encenação da Paixão, da Morte e da Ressurreição
de Jesus Cristo por meio da meditação das 14 estações da Via-Crucis.
Sábado Santo
O Sábado Santo não é um dia
vazio, em que “nada acontece”. Nem uma duplicação da Sexta-feira Santa. A
grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais
profundo que pode ir uma pessoa. O próprio Jesus está calado. Ele, que é Verbo,
a Palavra, está calado. Depois de Seu último grito na cruz – “Por que me
abandonaste?” –, Ele cala no sepulcro agora. Descanse: “tudo está consumado!”.
Vigília Pascal –
Durante o Sábado Santo, a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor,
meditando Sua Paixão e Morte, Sua descida à mansão dos mortos, esperando na
oração e no jejum Sua Ressurreição. Todos os elementos especiais da vigília
querem ressaltar o conteúdo fundamental da noite: a Páscoa do Senhor, Sua
passagem da morte para a vida. A celebração acontece no sábado à noite. É uma
vigília em honra ao Senhor, de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do
Evangelho (cf. Lc 12,35-36), tenham acesas as lâmpadas, como os que aguardam
seu senhor chegar, para que, os encontre em vigília e os convide a sentar à sua
mesa.
Bênção do fogo –
Fora da Igreja, prepara-se a fogueira. Estando o povo reunido em volta dela, o
sacerdote abençoa o fogo novo. Em seguida, o Círio Pascal é apresentado ao
sacerdote. Com um estilete, o padre faz nele uma cruz, dizendo palavras sobre a
eternidade de Cristo. Assim, ele expressa, com gestos e palavras, toda a
doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa
da Redenção do Senhor, e tudo – homens, coisas e tempo – estão sob Sua
potestade.
Procissão do Círio Pascal –
As luzes da igreja devem permanecer apagadas. O diácono toma o Círio e o ergue,
por algum tempo, proclamando: “Eis a luz de Cristo!”. Todos respondem: “Demos
graças a Deus!”. Os fiéis acendem suas velas no fogo do Círio Pascal e entram
na igreja. O Círio, que representa o Cristo Ressuscitado, a coluna de fogo e de
luz que nos guia pelas trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança
em procissão.
Proclamação da Páscoa –
O povo permanece em pé com as velas acesas. O presidente da celebração incensa
o Círio Pascal. Em seguida, a Páscoa é proclamada. Esse hino de louvor, em
primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, a alegria do Céu, da Terra,
da Igreja, da assembleia dos cristãos. Essa alegria procede da vitória de
Cristo sobre as trevas. Terminada a proclamação, apagam-se as velas.
Liturgia da Palavra –
Nesta noite, a comunidade cristã se detém mais que o usual na proclamação da
Palavra. As leituras da vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A
melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: “E começando por Moisés,
percorrendo todos os profetas, explicava-lhes (aos discípulos de Emaús) o que
dele se achava dito em todas as Escrituras” (Lc 24, 27).
Domingo da Ressurreição
É o dia santo mais importante
da religião cristã. Depois de morrer crucificado, o corpo de Jesus foi
sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito e seu corpo
foram reunificados. Do hebreu “Peseach”, Páscoa significa a passagem da
escravidão para a liberdade. A presença de Jesus ressuscitado não é uma
alucinação dos Apóstolos. Quando dizemos “Cristo vive” não estamos usando um
modo de falar, como pensam alguns, para dizer que vive somente em nossa lembrança.