A aparência é tudo aquilo que
os dados dos sentidos "veem". Contudo, a visão, a audição, o olfato,
o tato e o paladar estão sujeitos a modificações que evitam que se percepcione
os objetos físicos tal como eles são. Os objetos mudam constantemente de forma,
pelo que, uma vez mais, parece que os sentidos não nos mostram a verdade sobre
as coisas, mas apenas a aparência das coisas, ou seja, o que o ser humano tem é
uma sensação sobre as coisas. Por exemplo, sempre que vemos uma cor, temos uma
sensação da cor, mas a própria cor é um dado dos sentidos, não uma sensação.
Na vida quotidiana, vamos
assumindo como certas muitas coisas que, ao examinarmos melhor, se descobrem
como sendo contraditórias e muitas vezes ilusórias. Só através de uma reflexão
demorada nos permitimos saber em que acreditar. Na busca da certeza, é natural
que comecemos pelas nossas experiências imediatas e, num certo sentido, o
conhecimento deriva delas. No entanto, é possível que esteja errada qualquer
afirmação acerca do que as nossas experiências imediatas nos permitem conhecer.
Isto é aquilo a que se chama dados do senso comum. O homem e o filósofo desejam
saber e conhecer realmente esses objetos, apesar do desejo do filósofo por este
saber ser mais forte que o do homem e igualmente mais influenciado pelo
conhecimento das dificuldades em responder à questão.
A aparência é, assim, o que se
apresenta imediatamente aos sentidos ou ao espírito, por oposição aos aspetos
da realidade que escapam a essa perceção imediata.
As aparências deixam apenas
ver uma espécie de superfície pouco de acordo com aquilo que as coisas ou os
seres no fundo são "na realidade".
Segundo Platão, o mundo
sensível, no qual vivemos, é povoado de cópias infiéis da verdadeira realidade,
as ideias do mundo inteligível, na sua alegoria da caverna.
Para Kant, se as "coisas
em si" existem, são incognoscíveis, o conhecimento racional tem de se
enraizar no que a realidade possibilita ver dela mesmo, os fenómenos. A
experiência baseada na aparência das coisas constitui a nossa primeira via de
acesso ao que as coisas são.
Para a fenomenologia do século
XX, é porque toda a consciência visa o mundo tal como este lhe aparece, que a
experiência é possível e pode conduzir o sujeito ao conhecimento das estruturas
constitutivas do mundo objetivo.
A aparência é considerada como
distinta de uma realidade mais verdadeira.
Concluindo, o que os sentidos
imediatamente nos dizem não é a verdade acerca do objeto em si mesmo, mas
apenas a verdade acerca de determinados dados dos sentidos que, tanto quanto
podemos ver, dependem das relações entre nós e o objeto. Por consequência, o
que vemos e sentimos diretamente é apenas uma "aparência", que
acreditamos ser o sinal de uma "realidade" escondida.
Referencia: aparência in
Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-03-19
13:54:17]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$aparencia
Nenhum comentário:
Postar um comentário