quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Neste Ano Novo que se aproxima

 


As árvores de Natal ainda brilham,

Com suas bolas e enfeites coloridos.

Parece que com a chegada do novo ano elas brigam,

Abrindo suas folhas e fazendo seus ruídos...

 

Brindemos com elas e nossos amigos,

Fazendo deste novo um ano diferente.

Amemos mais, mesmo aos nossos inimigos,

E enxerguemos um pouco mais para a frente...

 

A chegada amiga de um Ano Novo,

Sempre nos traz sonhos a realizar.

Olhemos, então, todo o nosso povo,

E nos aproximemos para mais criar.

 

Neste Ano Novo que se aproxima,

Mais e mais eu vou me apaixonar.

Ainda que não faça uma nova rima,

Agradeço a Deus o me fazer sempre amar!

 

Feliz Ano Novo

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Avance sempre

 


Na vida as coisas, às vezes, andam muito devagar.

Mas é importante não parar.

Mesmo um pequeno avanço na direção certa já é um progresso, e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.

Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje, faça alguma coisa pequena.

Pequenos riachos acabam convertendo-se em grandes rios.

Continue andando e fazendo.

O que parecia fora de alcance esta manhã vai parecer um pouco mais próximo amanhã ao anoitecer se você continuar movendo-se para frente.

A cada momento intenso e apaixonado que você dedica a seu objetivo, um pouquinho mais você se aproxima dele.

Se você pára completamente é muito mais difícil começar tudo de novo.

Então continue andando e fazendo.

Não desperdice a base que você já construiu.

Existe alguma coisa que você pode fazer agora mesmo, hoje, neste exato instante.

Pode não ser muito mas vai mantê-lo no jogo.

Vá rápido quando puder. Vá devagar quando for obrigado.

Mas, seja, lá o que for, continue. O importante é não parar!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Deus lhe dá a capacidade de amar

 


Aguente firme! A civilização do amor está às portas. Falta pouco para chegarmos lá. Já podemos gritar: terra à vista! A terra nova está muito perto. Já podemos avistá-la.

Irmãos, se, de modo geral, não conseguimos amar os outros, nem ter misericórdia e bondade para com o próximo, é porque não temos acolhido o amor de Deus por nós. Só conseguimos amar o próximo como a nós mesmos se acolhemos essa graça [do amor de Deus Pai por nós]. Muitas vezes, não amamos os outros, não temos um coração de pastor, não temos o coração de Jesus para com os nossos irmãos, porque verdadeiramente não acreditamos no amor de Deus.

Problemas existem e agravam o coração, mas nem por isso você deve desistir do amor. O Todo-poderoso lhe dá a capacidade de amar. A capacidade de amar está em seu coração, mas a decisão de amar dependerá somente de você. Se você se decide pelo amor, tudo mudará em sua vida.

 

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

São Nicolau: o que você precisa saber sobre a lenda do Papai Noel

 


O Natal, para os cristãos, é o nascimento de Jesus, o Cristo. E o que esta data tem a ver com o Joulupukki, nome dado ao Papai Noel, na Finlândia; Julenissen, na Noruega; e com São Nicolau, o amigo das crianças e santo protetor dos marinheiros, mercadores e endividados?

Durante a pesquisa para o livro Anjo Russo, a escritora Zia Stuhaug, que vive há dez anos na Noruega, visitou Rovaniemi, na Finlândia, onde fica "o escritório oficial" do bom velhinho. Veja o que ela descobriu sobre a lenda do personagem natalino:

São Nicolau x Papai Noel


Há uma grande semelhança na aparência, motivo pelo qual faz confundir estas duas figuras distintas, mas tratadas como sendo um único personagem, sempre relacionadas à época do Natal.

São Nicolau foi canonizado pela Igreja Católica, por terem sido atribuídos a ele muitos milagres. Viveu na  cidade portuária de Myra, uma antiga cidade grega de Lykia — hoje, a localidade de Demre, na Turquia —, no século IV, após ouvir os conselhos de um tio para que viajasse à Terra Santa, depois da morte de seus pais. Dizem que, no percurso da viagem, deu-se uma terrível tempestade e, quando São Nicolau rezou, a calmaria se estabeleceu. Sendo assim, ele se tornou padroeiro dos marinheiros e mercadores. Na Grécia antiga, ele era o amigo do mar, e as  pessoas acreditavam que, se invocassem o seu nome, ele  poderia salvá-las de se afogar, numa substituição a Poseidon, o deus pagão do mar, motivo pelo qual muitas cidades costeiras levam o seu nome.

Dizem que ele era filho de pais nobres e ricos e doou sua grande herança aos pobres. Mas há quem diga que este fato pertence a outro santo, o São Basílio de Cesareia, também chamado de São Basílio Magno ou Basílio, o Grande.

O fato é que São Nicolau nunca foi apegado a bens materiais e sentia alegria em ajudar os necessitados. De uma personalidade dócil e com tendência a auxiliar crianças e pessoas carentes, foi tomado de zelo pela educação e moral, tanto dos pequenos quanto de suas mães, o que levou os estudantes europeus a reverenciá-lo. Há na cidade de  Guimarães, em Portugal, uma festa estudantil chamada Festas Nicolinas, que se realiza próximo da data da morte do Santo, dia 6 de dezembro, e em sua homenagem.

São Nicolau foi o exemplo de solidariedade ao próximo: certa vez, livrou três moças de serem enviadas à prostituição pelo pai, um comerciante com a finança arruinada, que num momento de desespero, por causa da extrema pobreza em que se encontrava, não tinha recursos para sustentá-las, nem o dinheiro do dote para que elas pudessem se casar. São Nicolau  jogou três sacos de moedas de ouro pela chaminé da casa da família, e o saco caiu em cima das meias das moças, que tinham sido colocadas na lareira para secar.

São Nicolau foi amado e reverenciado por toda a Europa, depois que seus restos mortais foram transferidos para a cidade de Bari, na Itália, em 1807, e receber muitos relatos de milagres por seus devotos, ele foi canonizado pela Igreja Católica. Desde então, comemora-se no dia 6 de dezembro o Dia de São Nicolau. Sua imagem e história de vida  o popularizaram como um senhor de feições muito serenas, trajado de bispo, com batina branca e estola vermelha e com mintra — ornamento episcopal para a cabeça —, e as mãos firmes segurando um báculo —  tipo de cajado igual ao dos pastores de ovelha.

Pela sua bondade e afeição com as crianças e pelo relato do saco de moedas de ouro jogado na chaminé da família das três moças, logo os relatos se popularizaram, associando-o ao bom velhinho com um saco de presentes nas costas. A imaginação popular não parou por ali. Logo trouxeram alguns personagens do folclore europeu para lhe servir de ajudante. Afinal, o saco com presentes era enorme e as crianças, muitas. E não eram todas elas que podiam ganhar presentes e, sim, as que se comportassem bem durante o ano. Assim, logo foi difundida a imagem, em desenhos, do ajudante de São Nicolau.

Na  Holanda tornou-se popular São Nicolau (Sinterklaas) ter um ajudante chamado Pedro Preto (Zwarte-Piet), que, segundo a lenda, tem essa cor devido às cinzas das chaminés por onde ele tem que passar para deixar os presentes. Houve, recentemente, protestos na Holanda para que este personagem, avaliado como de fundo racista, fosse eliminado dos festejos natalinos, por criar desconforto na minoria daquele país. Isto porque o ajudante tem características que se mostram bem opostas à bondade de São Nicolau, sendo a ele atribuída a escolha das crianças merecedoras dos presentes e doces natalinos, e, com isso, associado ao Bicho-Papão ou Homem do Saco, cujas imagens de severidade impuseram medo à criançada.

A origem do Papai Noel


Em 1700, os emigrantes holandeses levaram Sinterklaas à América, onde abriram sua primeira igreja a São Nicolau em Nova Amsterdã e, mais tarde, em Nova Iorque. Foi chamado de Santa Claus.

O teólogo Clement C. Moore escreveu um poema para suas filhas, com o título: "Uma visita de São Nicolau", em 1823. Uma senhora chamada Harriet Butler tomou conhecimento do poema através das filhas de Moore e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova York, que o publicou no Natal desse mesmo ano, sem fazer referência ao seu autor — só em 1844 é que Clement C. Moore reclamou a sua autoria.

No poema, ele descrevia um pai de família que, na véspera de Natal, estava tranquilo em sua casa, onde nem mesmo um camundongo se movia. Ele ouviu um barulho no quintal e olhou pela persiana. A noite estava clara por causa da luz da lua e o chão, forrado de neve. Ele ficou surpreso ao se deparar com um trenó em miniatura, cheio de presentes, puxado por oito renas pequenininhas, e conduzido por um velhinho tão esperto e ágil, que andou pelo telhado e desceu pela chaminé para deixar os presentes de Natal. Após encher as meias que estavam penduradas na lareira, saiu da mesma maneira como entrou, ficando com o casaco vermelho cheio de fuligem das cinzas. Ele soube naquele momento que era a visita de São Nicolau.

O poema descrevia um São Nicolau de cabelos e barba tão branca quanto a neve. As bochechas rosa e o nariz como uma cereja, rosto largo e uma barriga redonda e saliente que, quando ele sorria, se mexia como uma tigela cheia de gelatina.

O Papai Noel de botas, de rosto corado e com característica polar, sentado em uma cadeira no seu escritório, no Polo Norte, lendo uma lista de presentes pedidos pelas crianças do mundo todo tornou-se muito popular. Aproveitando-se dessa fama e interesse no personagem natalino, a Coca-Cola alimentou ainda mais o imaginário popular ao lançar, em 1931, uma propaganda com a nova versão de São Nicolau oferecendo a bebida a uma garotinha. Na imagem ele  usava casaco mais curto, um gorro vermelho no lugar da mintra, e tinha a barriga saliente descrita pelo poema de Moore. Nascia a lenda atualizada da imagem do Papai Noel que hoje vemos por todo lugar, em épocas natalinas.

A popularidade da nova versão de São Nicolau, na figura de Papai Noel, fez tanto sucesso que a cidade Finlandesa de Rovaniemi, que fica na divisa com o Polo Norte,  investiu para construir o correio oficial do Papai Noel: Santa Claus' Main Post Office, em concorrência com Drøbak, na Noruega. Lá é possível sentar-se junto à lareira e escrever cartas ao Joulupukki, enquanto duendes e elfos  andam de lá para cá, ajudando o bom velhinho a selar e despachar todas as cartas-respostas. O correio fica dentro do complexo da Santa Claus' Village, no Círculo Polar Ártico, e foi todo construído para se ter um Natal de sonhos. Luzes coloridas, neve por toda parte, renas, cachorros huskies, e, se tiver muita sorte, aurora boreal. O lugar é muitíssimo concorrido e, para se conseguir hospedagem, é preciso reservá-la com bastante antecedência.

 Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2017/12/sao-nicolau-o-que-voce-precisa-saber-sobre-lenda-do-papai-noel.html


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

ATIVIDADE DE ENSINO RELIGIOSO - VALORES HUMANOS - ANOS FINAIS

 

TEMA: VALORES HUMANOS

O QUE SÃO VALORES HUMANOS?

Os valores humanos podem ser definidos como os princípios morais e éticos que conduzem a vida de uma pessoa. Eles fazem parte da formação de sua consciência e da maneira como vivem e se relacionam em uma sociedade. Os valores humanos funcionam como normas de conduta que podem determinar decisões importantes e garantir que a convivência entre as pessoas seja pacífica, honesta e justa. São os valores cultivados por uma pessoa que vão basear suas decisões e demonstrar ao mundo quais os princípios que regem sua vida.

Existem muitos valores que são importantes em qualquer contexto ou lugar, podendo ser considerados valores universais. Eles devem ser cultivados para garantir uma convivência ética e saudável entre as pessoas que fazem parte de uma sociedade.

QUAIS SÃO OS MEUS VALORES?

Uma primeira coisa que a gente deve levar em conta quando vai discutir valor é o que esta palavra pode significar. Porque, mesmo sendo uma das palavras mais usadas, quando você pergunta o que é um valor, poucos conseguem dizer o que é. Portanto, a primeira coisa que a gente precisa distinguir é que valor significa uma porção de coisas diferentes. O valor pode significar o econômico, que é o preço, quanto você paga por alguma coisa. Outro sentido, que já está mais próximo do que se vai falar aqui, é o valor natural, isto é, o valor que provém do fato de algo ser da natureza, de algo não ter sido feito pelos homens. Por exemplo, a terra, tem um valor natural, o ar, a água, que é o valor da natureza.  E há um terceiro sentido para a palavra valor: alguma convicção profunda que está dentro da gente e dentro dos grupos, alguma convicção que faz com que a gente faça aquilo, e ache que seja bom. É exatamente o que a gente poderia dizer do valor ético, que é aquela atribuição que a gente dá às coisas. A gente pergunta: esta coisa é boa ou ruim? É o valor que está encaixado nas coisas.

 O interessante é que tudo tem valor, nesse sentido. Não há nada que seja neutro. Todas as ações vêm enroladas em valores, tudo o que a gente faz, no fundo, no fundo é por um motivo de valor. Então, o valor é aquilo que dá o impulso fundamental às nossas ações. Só que a gente não para pra pensar: qual é a razão daquilo que estou dizendo? Por que decidi fazer esse curso e não outro? Por que decidi responder dessa maneira e não de outra maneira? 

 

ATIVIDADES SOBRE O QUE VOCÊ APRENDEU

1. Qual a definição de valores humanos? 

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2. Qual a importância de o ser humano praticar bons valores na sociedade?

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3. Leia a característica e tente descobrir o valor a qual a definição se refere:

a) Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem ou de alguma coisa: (dica - 4 letras)

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b)  Capacidade de cada um se decidir ou agir segundo a própria vontade ou determinação: (dica – 9 letras)

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c) Qualidade que tem a pessoa que não desiste daquilo em que acredita: (dica – 12 letras)

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d) Harmonia. Momento em que não há guerras ou conflitos. Estado de humor de quem está tranquilo: (dica – 3 letras)

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4. Com suas palavras, escreva o que significa o natal para os cristãos.

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 5. Você e sua família comemoram o natal? Se sim, como esse dia é celebrado na sua casa?

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 6. Que hábitos podem ser aperfeiçoados no comportamento das pessoas quando a pandemia passar e a vida voltar a sua normalidade?

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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Conteúdo das provas de Filosofia do 4º Bimestre

 


6° Anos – OLHAR PARA QUEM ME OLHA

·       Fios que nos unem – pág. 3 – 5

·       Compreender e respeitar – pág. 6 – 8

·       Empatia: o que é isso? – pág. 9

·       Da empatia à amizade – pág. 11

·       Tecendo o respeito – pág. 15 – 17

 

7° Anos – DESCOBRIR COM JULGAMOS

·       Em construção – pág. 3 – 5

·       Eu gosto! – pág. 6 – 7

·       Gosto ou moda? – pág. 8 – 12

·       Este comportamento é meu? – pág. 13 – 14

·       Onde mora o preconceito? – pág. 16 e 17

 

8° Anos – DECIDIR COMO CONVIVER  

·       Viver com... – pág. 3 – 8

·       Posso ou devo? – pág. 10 – 13

·       Cidadania todo dia – pág. – 15 – 16

·       Direitos ara todos - pág. – 17 – 18

 

9° Ano – VIVER COM JUSTIÇA

·       Em que mundo vivemos? – pág. 3 – 8

·       Olhares sobre a guerra – pág. 9 – 10

·       Em que mundo queremos viver – pág. 11 – 13

·       Olhares sobre a paz – pág. – 14

·       O valor da tolerância – pág. – 17

 

“Não deseje que as coisas sejam mais fáceis; deseje que você seja melhor.”

(Jim Rohn)

 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

 


Dignidade “é a qualidade de quem é digno, ou seja, de quem é honrado, exemplar, que procede com decência, com honestidade. É um substantivo feminino, que vem do latim dignitate, que significa honradez, virtude, consideração.”

Segundo o filósofo alemão Immanuel Kant, a dignidade é o valor de que se reveste de tudo aquilo que não tem preço, ou seja, que não é passível de ser substituído por um equivalente. A dignidade é totalmente inseparável da autonomia para o exercício da razão prática. Cada direito fundamental contém uma expressão da dignidade, ou seja, de autonomia e de liberdade.

A dignidade da pessoa humana é um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil e está relacionada com a própria condição humana, é uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais e éticos, é sua integridade moral, inspira respeito e consciência de si mesmo, sendo a origem de todos os direitos fundamentais. O princípio da dignidade humana é inerente ao estado democrático de direito e sua aplicação consolida compromissos firmados em tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

Como em outros países democráticos, no Brasil o princípio da dignidade humana não está restrito somente à tutela da vida humana, mas é extensivo à vida ambiental e ao equilíbrio ecológico da natureza. O respeito à dignidade humana se manifesta na preservação da vida humana com qualidade de vida, o que só se torna possível mediante a preservação e conservação do meio ambiente. Ao se proteger o meio ambiente está se protegendo a vida humana das gerações presentes e futuras, assegurando a qualidade de vida ambiental e um meio ambiente equilibrado e sustentável.

O direito à vida é garantido constitucionalmente e pressupõe não apenas o direito de existir biologicamente, mas o direito de existir com autonomia e liberdade. Portanto, vida sem dignidade não é vida com qualidade. Um ataque a essa dignidade é caracterizado como “danos morais” e se na justiça é provado o contrário é cabível uma reparação do acusador.

Cabe à bioética considerar as manifestações da sociedade contra os abusos cometidos pela pesquisa científica em biomedicina e em biotecnologia, buscando encontrar solução para o impasse estabelecido entre a necessidade de promover os avanços científicos e proteger os direitos humanos. O princípio da dignidade humana deve ser respeitado por toda a sociedade brasileira, consolidando, por conseguinte, a própria bioética nacional.

O indivíduo com plena capacidade civil de se autodeterminar também tem capacidade para decidir sobre sua vida e a disponibilidade e integridade do seu corpo. O princípio da autonomia prioriza a vontade de decidir o que é melhor para si, para sua vida, sua saúde, sua felicidade, prioriza a dignidade humana da pessoa, resguardando seu direito de escolher se quer ou não ter uma vida com qualidade.

No que tange a estreita relação entre a medicina e a ética, o desenvolvimento tecnológico trouxe um aumento de produções médicas que ameaçam a essência do ser humano, da morte, da vida e da identidade pessoal, e causam a desumanização da medicina. O paciente, ainda que afetado por uma doença, continua sendo uma pessoa humana, detentora de todas as garantias destinadas à sua proteção e é sujeito de direito, com igualdade de direitos, não podendo ser discriminado em razão de idade, raça, sexo, gênero, cor, estado de saúde, nacionalidade, condição social ou religião.

Desrespeitar os desejos do paciente, que deseja optar por tratamentos específicos, aniquilará sua esfera mais íntima da vida, e a sua própria condição de humano, e é exatamente por isso que o ordenamento jurídico deve proporcionar-lhe meios mais eficazes de defesa e salvaguarda de seus direitos. A autonomia é liberdade e o médico não pode exercer pressão de modo a fazer prevalecer sua posição, mas deve respeitar o paciente para que este decida com liberdade.

Embora o princípio da dignidade humana esteja disposto no art. 1º, inciso III da CF/88, e fundamentado no princípio bioético da autonomia da vontade, o qual, por sua vez, estrutura-se no princípio da liberdade individual, pilar do estado democrático de direito da República Federativa do Brasil, sua aplicação ampla ainda não é realidade, seja em aspectos concernentes à prática clínica, seja no que diz respeito à equidade social. Cabe aos estudiosos da bioética a responsabilidade de fomentar no público em geral o conhecimento sobre os princípios básicos de bioética e seus instrumentos de reflexão, para que se possa agir quando das violações de direitos humanos.

Assim sendo, seria conveniente que todos os cursos de Direito e de Medicina tivessem em suas grades curriculares a disciplina de educação ambiental lato sensu, ou de bioética stricto sensu, com o escopo voltado a conscientizar os profissionais dessas áreas sobre a validade, alcance e importância dos seus princípios.

 

Fonte: https://elainefrancoadv.jusbrasil.com.br/artigos/371550232/o-principio-da-dignidade-da-pessoa-humana

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

O que é o Advento?

 


A palavra Advento quer dizer o que está para vir. O tempo do Advento é para toda a Igreja a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos nas primeiras semanas a espiritualidade de espera da segunda vinda. Nas semanas mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento.

É Momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes. Precisamos nos preparar alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.

O Advento começa no primeiro domingo de Dezembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro domingos.

Duas características deste tempo

As duas últimas semanas, dos dias 14 a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa.

Origem

Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha tinha caráter ascético com jejum abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos.

Só após a reforma litúrgica é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.

Teologia do Advento

O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor. Jesus que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15) .

O Advento recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no “dia do Senhor”, no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo.

Preparando o caminho

As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.

A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a “perder” a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.

Espiritualidade

A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão.

Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é “Marana tha”! Vem Senhor Jesus!

O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna. Esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc.

Tempo de conversão

O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que “preparemos o caminho do Senhor” nas nossas próprias vidas, “lutando até o sangue” contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.

No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus (e não dos bens terrenos), que tem n’Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.

A Celebração do Advento

Nos devemos celebrar o Advento com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que se use flores e instrumentos com moderação, para que celebremos a plena alegria do Natal de Jesus quando for oportuno.

As vestes litúrgicas (casula, estola etc) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de conversão em preparação para a festa do Natal. Como exceção temos o terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria ou Domingo Gaudete, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto.(Fl 4, 4).

Símbolos

Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento. A coroa pode ser pendurada no prebistério, colocada no canto do altar ou em qualquer outro lugar visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo.

Luz nascente

A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo brilhará para toda a humanidade. Representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem.

Círculo

O círculo sem começo e sem fim simboliza a eternidade; os ramos sempre verdes são sinais de esperança e da vida nova que Cristo trará e que não passa.

Fita Vermelha

A fita vermelha que enfeita a coroa representa o amor de Deus que nos envolve e a manifestação do nosso amor que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.

Cor roxa

A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.

Podemos também, em nossas casas, com as nossas famílias, mergulhar no espírito do Advento celebrando-o com a ajuda da coroa do Advento ou com a Escada do Advento que pode ser colocada ao lado da mesa de refeição.

 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Inteligência Emocional: O que é?

 


A inteligência emocional é um tipo de inteligência que envolve as emoções voltadas em prol de si mesmo. Para que um indivíduo se desempenhe bem esse necessita de inteligência intelectual, flexibilidade mental, objetivos traçados, equilíbrio emocional e determinação. Adquirindo a capacidade de se autoconhecer, lidar com os sentimentos, controlando-os, administrando as emoções, levando-as a serem influenciadas pelos objetivos, relacionando-se e observando o emocional de outras pessoas.

As emoções muitas vezes influenciam as pessoas em suas decisões e isso significa que esta se mantém positivamente ativa já que colabora com o amplo e global crescimento do indivíduo. Pode ser desenvolvida positivamente já que possui tanta influência sobre as pessoas através das observações e avaliações do próprio comportamento e sentimento, ocultando sentimentos como raiva, desânimo, frustração e substituindo-os por bom-humor, entusiasmo, positivismo.

DANTAS, Gabriela Cabral da Silva. "Inteligência Emocional"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/inteligencia-emocional.htm. Acesso em 14 de outubro de 2020.


domingo, 31 de outubro de 2021

Torna-te quem tu és e conhece a ti mesmo

 


“Torna-te quem tu és”. Desde muito nova, essa frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche norteia minha vida na incessante busca do que sou. O caminho do autoconhecimento permite que nos apropriemos de nossas forças e fraquezas mais íntimas. Permite um caminhar mais seguro, uma vez que tomamos as rédeas de nossas vidas e assumimos todas as consequências de nossas escolhas.

 

Mas o que isso significa?

Se você não conhece seus gostos, suas prioridades, seus desejos, certamente alguém fará as escolhas por você. E, caso o cenário desenhado por outrem te trouxer sentimentos e dias ruins, não há como reclamar: a responsabilidade será sempre sua. A única coisa a fazer é acordar para uma nova forma de viver e partir para a busca de “Tornar-te quem tu és”. A boa notícia é que nunca é tarde para se reinventar.

O caminho do autodescoberta é complexo, mas se inicia em questionamentos simples que nos farão descobrir o que nos move na vida: Qual a viagem dos seus sonhos? De que tipo de música você gosta? Qual o seu hobby? Quais as pessoas que você gosta de conviver? Qual estilo de vestir te valoriza e te faz sentir bem e deslumbrante? O que faz seu coração vibrar e seus olhos brilhar? E ainda: O que não te faz bem?

É preciso definir premissas e valores. Saber quais você escolherá para nortear a sua vida e te farão fazer as escolhas mais coerentes com você. Não é viver de forma egoísta ou centralizadora, mas viver em dia com o que você é.

Você saberia responder rapidamente quais são suas cinco maiores virtudes e cinco maiores fraquezas?

Conhecer suas qualidades e potencializá-las é extremamente inteligente. Mas, igualmente importante, é preciso reconhecer suas fraquezas com compaixão e sem apego. Isso poderá tirar você da inércia e do vício de repetir atitudes e sentimentos inadequados.

O processo é dinâmico e os obstáculos impostos pela vida são grandes aliados nessas descobertas. Em momentos difíceis nos deparamos frente à frente com o que somos de forma nua e crua: em nossas qualidades e defeitos. Devemos enfrentar as dificuldades como oportunidade de revermos nossas atitudes e pensamentos na busca de uma nova versão de nós mesmos.

Temos que lembrar também que somos seres observadores e copiadores. Certamente se você vive em sua melhor versão, você irá inspirar pessoas a sua volta. Em uma corrente do bem, as pessoas serão tocadas a seguir esse caminho de autoconhecimento. Quando nossos olhos estão voltados para dentro em busca do nosso melhor, nossas melhores energias estarão direcionadas para o mundo a nossa volta. E se alguém algum dia achou que olhar para si é egoísmo: puro engano!

 

Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/bianca-ladeia-1.545127/torna-te-quem-tu-%C3%A9s-e-conhece-a-ti-mesmo-1.594552

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Conviver com o diferente nos humaniza

 


Viver é belo e bom, mas conviver é melhor. Contudo, para tanto, há que aprender a se relacionar com o diferente, o que é um desafio que nos humaniza, se a gente não se fecha no nosso mundinho, às vezes medíocre. Por que é tão difícil conviver com o diferente?

No Brasil, tornou-se difícil conviver com as diferenças por vários motivos, mas, principalmente, porque vivemos em uma sociedade capitalista, uma sociedade estruturada para reproduzir a opressão, a discriminação, a violência social e negar a beleza e a importância do outro na nossa vida. O comportamento geral é marcado por falsos valores que são trombeteados aos quatro ventos e seduzem as pessoas: o individualismo, o consumismo, o ter, o acumular, o competir. Isso desumaniza as pessoas, pois ninguém é uma ilha, vivemos interconectados na teia da vida.

Viver é belo, mas conviver é muito mais belo e imprescindível. Conviver dá mais sentido à vida e é uma via de mão dupla, mas para conviver é preciso conhecer o outro e para conhecer é preciso conviver. Para conviver é preciso ouvir e dialogar. Dialogar supõe respeito e este, por sua vez, supõe viver o amor para além de um sentimento, como ética da vida e como exercício cotidiano de vida. O diferente de nós que não é opressor não é uma ameaça. É algo que pode nos fazer melhor como seres humanos. E em tempos de mundo virtual e de pandemia, com o necessário isolamento social e/ou o distanciamento físico, o diálogo se torna mais desafiador e necessário. É preciso exercitar.

Eu me sinto mais humano depois que passei a conviver com pessoas de religiões de matriz ancestral africana, com pessoas que se declaram ateias, com pessoas com orientação homoafetiva nas suas mais distintas formas de concepção de si mesmas. Pessoas que seguiram toda sua vida tentando se entender enquanto seres humanos neste mundo, vivendo tantas formas de angústia e de sofrimento por não serem escutadas e nem compreendidas, por causa da falta de diálogo.

Por que em pleno século XXI, o preconceito e a intolerância no Brasil estão crescendo? Até quando uma minoria com poder econômico, político, midiático e religioso vai impor o modo da maioria das pessoas existirem? O preconceito, a discriminação e a intolerância se reproduzem cotidianamente no Brasil, injustamente.

Vivemos sob um sistema econômico que idolatra o mercado desde 1500, quando europeus colonizadores invadiram o Brasil e iniciaram o processo de exploração. Estima-se que existiam no Brasil mais de 1.200 povos indígenas falando cerca de 1.200 línguas. Há 521 anos, perduram no Brasil relações sociais escravocratas, de dominação, ou seja, estruturas legais, políticas e econômicas que reproduzem e ampliam a injustiça social, a escravização, a intolerância, a discriminação e o preconceito,. Isso beneficia a classe dominante, pois se admitirem que toda pessoa deve ser respeitada na sua dignidade humana não poderá haver um monte de violências sorrateiras que são impostas à maior parte da população.

Até 13 de maio de 1888, reinava no Brasil, oficialmente, a escravidão, com milhões de irmãos e irmãs nossos, povo negro arrancado à força da mãe África, onde viviam em liberdade, e jogados navios negreiros – mais de 12,5 milhões de negros e negras escravizados/as – milhares jogados ao mar durante a travessia.

No Brasil, como mercadoria foram escravizados, vendidos e açoitados no pelourinho. Os relatos da escravidão no Brasil são dramáticos e horripilantes. Em 1850, com a Lei de Terras, fizeram o cativeiro da terra, 38 anos antes de se fazer a abolição formal e mentirosa da escravidão. Legalizaram a escravidão da terra ao determinar legalmente com a Lei 601, de 1850, que poderia acessar a terra apenas quem por ela pagasse.

Os negros e negras escravizados/as não podiam comprar terra, pois foram libertados de mãos vazias, pavimentando, assim, o caminho para a escravidão contemporânea que persiste até hoje.

Assim, para justificar a tremenda injustiça das atuais leis trabalhistas e previdenciárias, é preciso estimular cotidianamente preconceito, discriminação e intolerância, tudo para disseminar a ideologia segundo a qual a maioria da classe trabalhadora deve sobreviver na miséria apenas com migalhas, enquanto a elite goza luxo e mordomia. Não são por acaso as discriminações e intolerâncias, elas são estrategicamente planejadas e executadas.

Quem ganha muito com as discriminações e intolerâncias é a classe dominante. Caluniar, difamar e injuriar de muitas formas é antessala para explorar e violentar logo em seguida, pela marginalização, exclusão, empurrando as pessoas para sobreviver sendo humilhadas de mil formas.

Ao longo da história da humanidade, sempre a classe dominante escolhe os grupos que serão os bodes expiatórios e as bruxas a serem execradas. Antes, foram os bárbaros, os gentios, as bruxas, os considerados hereges e atualmente continuam sendo as mulheres, os negros e as pessoas LGBTQI+, entre outros.

Em uma sociedade capitalista, quem tem poder econômico passa a ter poder político e jurídico e com esses poderes nas suas garras definem na prática quem deve ser discriminado e excluído da mesa farta da classe dominante. Se não discriminarem, terão que partilhar terra, riqueza, renda e poder. Se houver a partilha, todos ficarão em pé de igualdade e deverão ser respeitados. Logo, manter e reproduzir as discriminações são condições necessárias para manter a injustiça social que garante o luxo e a mordomia de uma minoria à custa da subjugação da maioria do povo.

Há vários tipos de preconceitos, de discriminação e de intolerância: os escrachados, os sutis, os mascarados, os que falam com “voz mansa”, mas apunhalando pelas costas, entre outros. Precisamos sempre nos perguntar: o jeito com o qual eu analiso a realidade, os problemas, as injustiças e as violências beneficia a quem?

Se minha análise da realidade ajuda a reproduzir na prática as violências, então estou sendo reprodutor/a da ideologia dominante, que é um mascaramento da realidade. Se assumo a ideologia dominante repleta de ideias da classe dominante, ideias particulares, difundidas como se fossem ideias universais, mas são apenas os pontos de vistas da elite que está no poder, ideias que lhes interessam, assumo que não sou neutro e, de fato, ninguém o é: consciente ou inconscientemente, voluntária ou involuntariamente, todos nós temos lado e sempre tomamos partido diante das situações de conflitos. Inclusive quem diz “sou neutro” jamais é neutro.

Em uma sociedade com brutal injustiça social, quem diz ser neutro está se colocando do lado dos opressores e exploradores. A partir de qual lugar social pensamos e agimos? “O lugar social determina o lugar epistemológico”, diz Karl Marx. Ou seja, se vivo na periferia sendo marginalizado, vejo o mundo a partir da ótica da periferia.

Quem faz parte da pequena burguesia, eufemisticamente chamada de classe média, vê o mundo a partir da classe média. Quem é empresário vê o mundo a partir da empresa. Quem é latifundiário ou empresário do agronegócio vê a realidade a partir do latifúndio. Estando em uma sociedade injusta socialmente, faz-se necessário sempre perguntar: a partir de qual lugar social estou falando, pensando e agindo? Isso para que “oprimido não seja hospedeiro de opressor”, para que “explorado não seja cúmplice dos exploradores”. Pois a opressão não seria tão forte se os exploradores e violentadores não encontrassem apoiadores no meio dos explorados e violentados, já dizia Hannah Arendt.

Para superarmos os preconceitos, as discriminações e a intolerância temos que fazer muitas coisas de forma sincronizada. A primeira, é adquirirmos um jeito crítico de ler e interpretar a realidade. Temos que reconhecer que ninguém nasce santo ou endiabrado.

Nascemos humanos e as condições sociais objetivas podem nos humanizar ou nos desumanizar. Já dizia Rousseau: “O homem nasce bom, a sociedade é que o perverte”. Urge conviver com pessoas e grupos injustiçados/as. Sentarmos todos e todas na mesma mesa e partilhamos a vida, a fé, o pão, as alegrias e as dores. Entretanto, essa mesa, a da partilha e do diálogo, precisa ser no mundo dos empobrecidos e injustiçados. O Deus, mistério de infinito amor, invocado sob muitos nomes, se apaixonou pelo outro, o diferente: o humano. E armou sua tenda entre nós a partir dos últimos: sem-terra, sem-casa, sem dignidade.

 

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/02/25/conviver-com-o-diferente-nos-humaniza/

 

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 É hora de receber o  Ano Novo  com alegria e esperança no coração. De deixar o ruim no passado, e abraçar o futuro com otimismo. Vamos faze...