A palavra Advento quer dizer o
que está para vir. O tempo do Advento é para toda a Igreja a vivência do
mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos nas
primeiras semanas a espiritualidade de espera da segunda vinda. Nas semanas
mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda,
seu nascimento.
É Momento de forte mergulho na
liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos
atentos e vigilantes. Precisamos nos preparar alegremente para a vinda do
Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo,
seu amado.
O Advento começa no primeiro domingo
de Dezembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro
domingos.
Duas características deste tempo
As duas últimas semanas, dos dias 14
a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a
primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa
expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus
Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isto, o Tempo
do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa.
Origem
Há relatos de que o Advento começou a
ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como
preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França)
e na Espanha tinha caráter ascético com jejum abstinência e duração de 6
semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para
a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na
festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o
aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou
a ser celebrado durante 5 domingos.
Só após a reforma litúrgica é que o
Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do
Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja
entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua
essencial dimensão escatológica.
Teologia do Advento
O Advento recorda a dimensão
histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e
nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os
textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério
da vinda do Senhor. Jesus que de fato se encarna e se torna presença salvífica na
história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que,
ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15)
.
O Advento recorda também o Deus da
revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre
realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no “dia do Senhor”, no
final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo
anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação
gloriosa de Cristo.
Preparando o caminho
As figuras de João Batista e Maria
são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o
caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se
pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de
ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto,
um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação
e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a “perder” a
vida em favor do anúncio e instalação do Reino.
Espiritualidade
A liturgia do Advento nos impulsiona
a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e
vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão.
Deus é fiel a suas promessas: o
Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser
lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza.
Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de
uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel
já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia do
Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é “Marana tha”!
Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de
esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação
de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na
vida eterna. Esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações
da vida, diante das perseguições, etc.
Tempo de conversão
O Advento também é tempo propício à
conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo não há como viver a alegria e
a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que “preparemos o caminho
do Senhor” nas nossas próprias vidas, “lutando até o sangue” contra o pecado,
através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.
No Advento, precisamos nos questionar
e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente
aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus (e não
dos bens terrenos), que tem n’Ele a única riqueza, a única esperança e que
conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.
A Celebração do Advento
Nos devemos celebrar o Advento com
sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do
Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a
Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório
litúrgico da CNBB orienta que se use flores e instrumentos com moderação, para
que celebremos a plena alegria do Natal de Jesus quando for oportuno.
As vestes litúrgicas (casula, estola
etc) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de
conversão em preparação para a festa do Natal. Como exceção temos o terceiro
domingo do Advento, Domingo da Alegria ou Domingo Gaudete, cuja cor
tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a
alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda
leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o
Senhor está perto.(Fl 4, 4).
Símbolos
Vários símbolos do Advento nos ajudam
a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre
eles há a coroa ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes
entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas
representando as 4 semanas do Advento. A coroa pode ser pendurada no
prebistério, colocada no canto do altar ou em qualquer outro lugar visível. A
cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e assim por
diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo.
Luz nascente
A luz nascente indica a proximidade
do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo brilhará para toda a
humanidade. Representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem.
Círculo
O círculo sem começo e sem fim
simboliza a eternidade; os ramos sempre verdes são sinais de esperança e da
vida nova que Cristo trará e que não passa.
Fita Vermelha
A fita vermelha que enfeita a coroa
representa o amor de Deus que nos envolve e a manifestação do nosso amor que
espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
Cor roxa
A cor roxa das velas nos convida a
purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela
de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes
dourados prefiguram a glória do Reino que virá.
Podemos também, em nossas casas, com
as nossas famílias, mergulhar no espírito do Advento celebrando-o com a ajuda
da coroa do Advento ou com a Escada do Advento que pode ser colocada ao lado da
mesa de refeição.