segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

O amor torna-nos parecido com Deus

 


“Quanto a nós, amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Com efeito, como O amaríamos se Ele não nos tivesse amado por primeiro? Amando-O é que nós nos fizemos seus amigos. Mas foi a inimigos que Ele amou, para nos tornar Seus amigos. Ele nos amou primeiro e deu-nos a graça de O amarmos. Ainda não o amávamos. Amando-O, tornamo-nos belos.

O que pode fazer um homem feio e de rosto disforme, quando ama uma jovem formosa? Ou que pode fazer uma mulher feia, desgraciosa e sombria, quando ama um homem bonito? Acaso, amando-o, pode tornar-se bela? E ele, amando-a, pode tornar-se belo? Ele ama uma jovem formosa, e ao olhar-se no espelho, envergonha-se por elevar os olhos àquela beldade, à qual tanto ama.

O que pode fazer para se tornar belo? Esperar que lhe chegasse a beleza? Se esperar muito, pode é chegar à velhice e a sua fealdade será maior ainda. Não há o que possa fazer. E não há como lhe dar conselho, senão o de se conter e não ousar amar assim alguém tão diferente de si próprio. Mas se ele insistir em amar e querer casar-se, que ame na sua esposa a castidade e não a beleza do rosto.

Ora, quanto à nossa alma, meus irmãos, ela era feia devido ao pecado. Amando a Deus torna-se bela. Que amor é esse que torna bela a alma que ama? Quanto a Deus Ele é sempre belo, nunca perde a Sua Beleza, nunca se encontra sujeito a mudanças. Ele amou-nos primeiro, Aquele que é sempre belo.

E o que éramos nós, quando Ele nos amou, senão feios e disformes? Contudo Ele amou-nos, não para nos deixar na fealdade, mas para nos transformar. Da deformidade fez-nos passar à beleza. Assim, como nos tornarmos belos? Amando Aquele que é sempre belo. Quanto crescer em ti o amor, tanto crescerá a beleza, porque a caridade é a beleza da alma!

“Quanto a nós, amemos porque Ele nos amou primeiro”. Escuta o Apóstolo Paulo: “Deus demonstra o Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8), o Justo pelos injustos, o Belo pelos feios. Como sabemos que Jesus é belo? “És o mais belo dos filhos dos homens, tua graça está derramada em teus lábios” (Sl 44,3).

De onde vem essa beleza? Escuta de novo de onde lhe vem a beleza: “És o mais belo de entre os filhos dos homens” porque “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1). Ao assumir tua carne, Ele assumiu também, por assim dizer, tua fealdade, isto é, tua mortalidade. Isto para se acomodar a ti, harmonizar-se contigo e exercitar-te a amar a beleza que Ele guarda em seu interior. Onde lemos que Jesus se fez feio e disforme, Ele que é belo, o mais belo dos filhos dos homens?

Interroga o profeta Isaías: “Vimo-lo, não tem beleza, nem formosura” (Is 53,2).

Eis aí duas flautas que parecem soar discordes. Contudo, um só Espírito as anima. O salmista diz: “És o mais belo de entre os filhos dos homens” e Isaías: “Vimo-lo e não tinha nem brilho nem beleza”. É um só Espírito a soprar nas duas flautas, portanto não podem estar dissonantes. Não feches os ouvidos, aplica a inteligência. Interroguemos o Apóstolo Paulo, que ele nos explique a consonância das duas flautas.

Que ele nos faça entender o som: “És o mais belo entre os filhos dos homens”: “Ele que tinha a condição divina e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente” (Fl 2,6). Eis em que Jesus possui “a mais bela forma entre os filhos dos homens”. Que ele nos faça entender agora o outro som: “Nós o vimos e não tinha nem beleza nem esplendor”. “Ele esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, tomando a condição humana. E achado em figura de homem…” (Fl 2,7).

“Ele não tinha nem beleza nem esplendor” para te comunicar a beleza e o brilho. Que beleza? A direção da caridade! Para que amando tu corras, e correndo, ames. Já tens essa beleza; mas não olhes a ti mesmo com complacência, para não perderes o que recebeste. Volta a olhar para Ele somente, a quem deves a tua beleza. Sê belo no teu interior para que Deus te ame. Dirige a Ele todo o teu esforço. Corre em direção a Ele, procura os seus abraços, receia afastar-te d’ Ele, para estar em ti esse temor casto que permanece pelos séculos dos séculos.

“Quanto a nós, amemos, porque Ele nos amou primeiro”.

Santo Agostinho
Comentário da Primeira Epístola de S. João

 

Fonte: https://catequisar.com.br/texto/materia/med/19.htm#

 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Espiritualidade: o que é, qual sua importância e como desenvolvê-la

 


A espiritualidade é uma tendência universal e tem um efeito extremamente positivo na felicidade, saúde e relacionamentos de quem a busca. No fundo, nós somos um espírito que anseia por conhecer a plenitude.

O que é espiritualidade? Certamente, cada pessoa tem sua própria ideia desse conceito. Em um contexto geral, a espiritualidade pode ser definida como a busca humana por um significado para a vida por meio de conexões intangíveis.

Espiritualidade tem a ver com propósito e sentido. É um grande ato de conexão entre o ser humano e o divino. É a busca por um reencontro com a sua essência, conectando-se com algo maior que si próprio.

Nesse post, vamos analisar a essência da espiritualidade por meio de diferentes pontos. Assim, poderemos compreender o assunto com mais amplitude e clareza.

 

Qual a importância da espiritualidade?

Muitos de nós possuem o desejo de compreender coisas que não podem ser explicadas e a espiritualidade aponta o caminho para a descoberta dos mistérios da vida.

A espiritualidade é uma forma de buscar a tranquilidade. Praticá-la traz um senso de perspectiva, significado e propósito para nossas vidas. Geralmente ela encoraja o otimismo e a busca por uma existência mais alegre.

Ela também ajuda na identificação dos nossos próprios valores e na apreciação dos valores do outro. Pessoas espirituais são mais altruístas, compassivas e perdoadoras porque acreditam que estamos conectados uns aos outros por um poder maior do que todos nós, e que essa conexão é baseada no amor e na compaixão.

Qual é a diferença entre religião e espiritualidade?

É muito comum a associação da espiritualidade com a religião, no entanto é muito importante saber que elas não estão, necessariamente, ligadas. Isso porque as práticas e os rituais religiosos podem ser meios para atingir a espiritualidade, e não o objetivo final.

Religião, por definição, é um conjunto pessoal ou sistema institucionalizado de atitudes, crenças e práticas religiosas; o serviço e adoração a Deus ou ao sobrenatural.

Já a espiritualidade, por outro lado, conota uma experiência de conexão com algo maior do que você; viver a vida cotidiana de maneira reverente e sagrada. Ou como a Dra. Christina Puchalski (líder na tentativa de incorporar espiritualidade à saúde), afirma:

“Espiritualidade é o aspecto da humanidade que se refere à maneira como os indivíduos buscam e expressam significado e propósito e a maneira como eles vivenciam sua conexão com o momento, para si mesmo, para os outros, para a natureza e para o significativo ou sagrado."

Em outras palavras, o que vale na espiritualidade é o propósito ou intenção por trás da ação, às vezes ela está pautada relacionamentos, prática de alguma atividade, contato com a natureza e até mesmo na arte.

 

Como buscar a espiritualidade?

Não existe uma fórmula ou manual que desperte sua espiritualidade. Essa é uma questão de prática e concentração no seu propósito e pode funcionar de formas distintas para cada pessoa.

Ficar quieto e aprender a acalmar sua mente é uma das coisas mais simples e poderosas que você pode fazer para se sentir em contato com sua verdadeira natureza.

 

Outras 5 maneiras de desenvolver sua espiritualidade

Medite

meditação é uma forma de eliminar pensamentos estressantes e perturbadores, para que você possa estar presente, mais calmo e consciente de seu ambiente.

Esteja na natureza o máximo que puder

conexão com a natureza é um ato de reencontro com nossa essência, além de promover menores índices de estresse, depressão e ansiedade. Desfrute do ar fresco da vegetação, da brisa do mar, do pôr do sol, do som dos pássaros, esses são ótimos antídotos para a alma.

Mantenha-se presente

mindfulness, ou atenção plena, além de nos manter ciente de onde estamos e do que estamos fazendo, promove benefícios no tratamento de muitas condições psicológicas, ajudando a lidar com emoções negativas e com a dor física.

Seja grato

Entenda quais valores são importantes para sua vida. A gratidão amplifica as coisas e o lembra de que você é abençoado pelo que já tem.

Ofereça seu tempo para alguém que necessita

Fazer a diferença na vida de outra pessoa aumenta seu senso de propósito e significado na terra, além de fornecer uma boa dose de perspectiva quando seu objetivo lhe parece pequeno.

 

 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Filosofia do olhar: um novo jeito de ver o mundo

 


Não há dúvida de que um dos maiores problemas da atualidade seja a “convivência pacífica”. Existem conflitos de todas as ordens, principalmente econômica, política, cultural e religiosa. Ou seja, o mundo já não está mais convidativo, hospitaleiro e acolhedor. Um mundo hostil, traiçoeiro, que respira vingança, parece imperar. Dessa forma, o credo do filósofo Nietzsche (1844-1900), “O outro é meu inimigo”, nunca esteve tão atual.

O que fazer, então, diante de um quadro tão sombrio e assustador como esse? Desesperar-se? Revoltar-se? Tornar-se indiferente a tudo o que acontece ao meu redor? Não! Nem uma coisa e nem outra. É preciso fazer o movimento ao contrário: se o mundo não quer paz, sejamos de paz; se o mundo é dos consumidores alienados, sejamos consumidores conscientes. É preciso aprender a conviver com o diferente, com o outro, com o refugiado, com o estrangeiro, com o turista, afinal de contas, somos todos passageiros nessa vida.

Sabedores de que o horror e o medo, muitas vezes, nos ensinam mais do que a boa vontade e a previsibilidade das coisas, é preciso um novo jeito de fazer, ensinar e aprender. Mas que novo jeito é esse? Primeiramente, precisamos reconhecer que a pluralidade é uma característica dos tempos modernos, e como tal pode ser sinal de inteligência. Em segundo lugar, é preciso educar o olhar para ver as coisas como elas são e não como queremos que elas sejam.

A filosofia do olhar é uma corrente filosófica contemporânea que destaca a “educação do olhar” como ponto de partida do filosofar. Ou seja, ela afirma que “o olhar que você repousa sobre o outro é o mesmo que você repousa sobre si mesmo”. O que a filosofia do olhar nos ensina é que sempre buscamos sobrevivência e significado na vida. Como abelhas fazem mel, nós construímos significados para nós mesmos.

A lógica de que “o outro é meu inimigo” está voltada para o desenvolvimento de uma política de relações mínimas, ou seja, “quanto menos contato com o outro, melhor”. No entanto, os estudos sociológicos afirmam que o ser humano é um ser de relação por excelência. Ou seja, são as relações sociais que nos fazem humanos propriamente ditos. Quanto mais intensas forem às relações sociais, mais verdadeiros serão os homens em suas histórias.

A escuridão do mundo contemporâneo, tais como as doenças, a violência, a fome, o preconceito, a segregação racial, entre outros problemas, seguramente nos levaram à busca por um outro tipo de significado de tudo isso. A educação do olhar ampliará o legado dessas opções, tornando o homem e a mulher mais assertivos na busca pela felicidade coletiva. É um sonho impossível? Pensamos que não. Existem milhares de exemplos pelo mundo afora. Povos, famílias e pessoas diferentes que vivem a vida em plenitude e harmonia em ambientes totalmente diferentes daqueles planejados e nem por isso vivem praguejando contra tudo e contra todos.

Em suma, cabe aqui uma palavrinha sobre ética. Vale dizer que se o mundo está violento e que um dos maiores desafios da atualidade é a convivência pacífica, a ética pode nos ensinar muito. Isso porque a elegância da ética nas relações entre todos transparece na leveza do comportamento da pessoa que vive a vida autêntica, aberta ao outro pelo outro, sem preocupação com regras e etiquetas sociais.

Em outros termos, trata-se de pensar as relações sob a forma de cuidado, do cuidar da vida, de permitir que o outro seja, que o mundo seja. Trata-se, enfim, de superar o utilitarismo das relações do homem consigo mesmo, com os outros e com todas as comunidades de vida (animal e vegetal, bem como com o mundo inorgânico). Enfim, é como disse o Papa Francisco: “Cumpre recuperar a estima da beleza para poder chegar ao coração do homem”.

 

Fonte: eusemfronteiras.com.br/filosofia-do-olhar-um-novo-jeito-de-ver-o-mundo/

 

Feliz Ano Novo!

 É hora de receber o  Ano Novo  com alegria e esperança no coração. De deixar o ruim no passado, e abraçar o futuro com otimismo. Vamos faze...