Existem poucas pessoas que realmente nos compreendem. O que as torna diferentes? É a empatia delas, a conexão emocional que elas têm com os demais? Na verdade, existem muitos outros fatores que vale a pena considerar. Vamos analisá-los a seguir.
Saber compreender o outro é o limiar para a
empatia fluir. Apenas quando
fazemos o esforço de nos conectarmos ao outro para saber qual é a sua
realidade, necessidades e emoções, facilitamos o respeito autêntico que a
coexistência exige. Porque aqueles que entendem e simpatizam com os que estão à
sua frente sentem que os demais também merecem consideração e apreciação.
Vamos pensar por um momento. Imagine
um mundo em que os seres humanos interajam uns com os outros como em um
formigueiro. Cada um desempenha uma função, cada membro da comunidade
realiza seu trabalho sem outra aspiração e sem outras motivações. Ninguém se
importa com o outro, não há entendimento e, portanto, também não há empatia e
emoções que facilitam a atenção, o cuidado, a amizade, o altruísmo…
Sem esses processos, a humanidade como tal
não existiria. É verdade que as pessoas também são definidas por aspectos
adversos e um tanto conflitantes. No entanto, nenhum processo mental e
emocional é tão decisivo para a nossa coexistência quanto saber compreender.
Além disso, por mais surpreendente que possa parecer, poucas dimensões são tão
complexas e difíceis de executar.
Porque quem sabe compreender o outro de forma
autêntica o faz de maneira muito específica: livre de
julgamentos e cheio de vontade. Vamos entender um
pouco melhor no que consiste essa competência da vida.
Saber compreender o outro, um assunto
pendente
Existem poucas coisas que nos desesperam
tanto quanto não sermos compreendidos. Desde a infância, entramos em contato com um sentimento devastador de
que nossos pais, irmãos, amigos ou professores não entendem o que estamos
sentindo ou o que acontece conosco. Quando isso acontece, somos invadidos por
uma mistura que
vai da raiva à tristeza. Isso também não muda na idade
adulta.
Sentir-se incompreendido é um dos sentimentos
mais profundos e dolorosos. Talvez por esse motivo, sabendo o que isso
significa, devêssemos nos esforçar muito mais para cuidar dessa
competência, para assim ajudar os outros, apesar do fato de certas
pessoas terem falhado com a gente no passado. No entanto, é
preciso fazer isso bem.
Como Goethe observou, “as pessoas
tendem a ouvir apenas o que entendem”. É verdade que, de alguma forma, só
nos conectamos com aqueles que são mais compreensíveis para nós aos nossos
olhos, com aqueles que mais se harmonizam com as nossas ideias, valores e
pensamentos.
No entanto, o entendimento exige sempre um
esforço maior. De fato, às vezes envolve algo realmente corajoso:
descobrir, aceitar e se
conectar com aqueles que não pensam como você.
Saber compreender não é o mesmo que saber
entender
Para saber como compreender os outros de
forma autêntica, é necessário esclarecer um detalhe. Compreender não é
o mesmo que entender. Na maioria das vezes, nos resta a segunda
dimensão, ou seja, nos dedicamos apenas a decifrar o que as outras pessoas
querem nos dizer. Estamos cientes da mensagem e do seu significado, nada mais.
Agora, a compreensão envolve algo mais
profundo. Não é apenas decifrar o que eles dizem, é se conectar com a realidade
particular da pessoa à sua frente através da empatia. É ir além das
palavras para intuir as necessidades e senti-las. Assim, uma coisa a ter em
mente é que o processo de compreensão é incrivelmente ativo e complexo.
Para que esse processo seja eficaz, devemos
aplicar o que, na psicologia, conhecemos como a teoria da mente. Esse conceito é definido como a habilidade
que nós temos de inferir os estados mentais dos outros, como pensamentos,
medos, desejos, intenções, etc. Dessa forma, entendemos por que eles fazem
certas coisas e até conseguimos prever comportamentos futuros.
Depois que processamos todas essas
informações, as interpretamos para agir de acordo. Todos esses mecanismos estão integrados no
ato mental de saber compreender. No entanto, também não podemos ignorar o
aspecto emocional.
Escutar sem preconceito; conectar-se a partir
da empatia
Daniel Goleman também fala frequentemente em
seus livros sobre a necessidade de saber como compreender o outro. Agora, vamos
ressaltar um detalhe: não se trata apenas de inferir o que a pessoa na minha
frente pode estar pensando ou sentindo. Não basta apenas tomar
consciência do que ela pode estar pensando ou se o que está experimentando é
medo ou tristeza.
A compreensão autêntica nunca será possível
se não houver vontade e interesse. Portanto, a teoria da mente e a inteligência emocional são inúteis
se eu tiver minha cabeça em outro lugar enquanto falo
com meu parceiro. Além dessa vontade, daquele sentimento ativo
de se abrir para o outro e compreender o que ele me diz e o que acontece com
ele, outras dimensões também são necessárias:
- Escutar
de maneira ativa. Você precisa ser receptivo
aos outros sem maior intenção ou propósito do que isso. Não basta ouvir
enquanto pensamos no que vamos responder.
- Outro
fator básico é ouvir sem preconceitos. Saber
compreender é se conectar à realidade do outro, livre de pensamentos,
julgamentos, preconceitos e rótulos prévios.
Para concluir, como podemos ver, o processo
que articula o conceito de compreensão é mais complexo do que podemos
acreditar. Apesar disso, todos somos capazes de colocá-lo em prática; a
vontade, na maioria dos casos, é tudo.
Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/saber-compreender-o-outro/
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