O Dia da Consciência Negra acontece no Brasil em 20
de novembro.
Essa ocasião é essencial, pois é uma oportunidade de se
discutir acerca dos problemas estruturais e históricos que o povo negro sofre
no Brasil, consequências de quatro séculos de escravidão.
É também uma data que faz menção ao dia da morte de Zumbi dos
Palmares, importante líder que lutou pela libertação das pessoas negras
escravizadas.
Que tal conhecer mais sobre Zumbi e outras pessoas negras que
fizeram história no Brasil e no mundo?
1. Zumbi dos Palmares (1655-1695)
Zumbi foi um líder muito importante do povo negro na época colonial.
Nasceu no Quilombo dos Palmares, na região de Alagoas. Os
quilombos eram locais onde se concentravam os negros que conseguiam fugir do
trabalho forçado e do açoite nas fazendas de engenho. Abrigavam também outras
pessoas, não necessariamente escravizadas, mas que estavam à margem da
sociedade.
Palmares foi o maior quilombo que se tem notícia no Brasil,
chegando a integrar em torno de 30 mil pessoas.
Zumbi defendeu o quilombo, seu povo e o direito à liberdade
dos negros por 18 anos, sendo uma figura quase "invencível". Por fim,
depois de muitas lutas e ataques, Palmares foi invadido e Zumbi assassinado no
dia 20 de novembro, data em que é comemorado o "Dia da Consciência
Negra".
2. Dandara (? - 1694)
Dandara foi uma mulher negra que viveu na época do Brasil Colônia. Sua vida é envolta em mistérios, assim como seus feitos. Entretanto, sabe-se que foi considerada uma guerreira e que dominava técnicas de capoeira.
Foi casada com Zumbi dos Palmares, com quem teve três filhos.
Junto com o povo de Palmares, lutou e resistiu bravamente
contra a opressão dos senhores de escravos, ajudando inclusive na elaboração de
táticas de estratégia na resistência quilombola do povo negro.
Dandara cometeu suicídio em 1694, depois de ser presa e
recusar-se a voltar à condição de escravizada.
3. Tia Ciata (1854-1924)
Hilária Batista de Almeida, mais conhecida como Tia Ciata, foi uma figura de extrema importância para a consolidação do samba no país.
Cozinheira e mãe de santo, recebia vários músicos em sua
casa, no Rio de Janeiro, no início do século XX. Lá, eles formavam rodas de
samba de partido alto. Foi na casa dela que o primeiro samba foi composto, a
canção Pelo Telefone, de Donga, em 1916.
Ciata é vista como um ícone da resistência negra no Brasil
pós-abolição, e uma das maiores impulsionadoras da cultura negra, pois abria
sua casa para o samba em uma época que esse tipo de manifestação ainda era proibido.
4. Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
Carolina Maria de Jesus foi uma notável personalidade brasileira que viveu durante os anos 40 e 50 na Favela do Canindé, em São Paulo.
Mãe-solo, criou os filhos trabalhando como empregada
doméstica e catadora de papel. Nos momentos livres, Carolina escrevia um diário
contando sobre as dificuldades de se viver sob o racismo, a pobreza e a fome.
Até que foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que a ajudou a lançar o
livro Quarto de Despejo, uma compilação de trechos de seu diário.
Tal livro fez um tremendo sucesso no Brasil e no mundo, sendo
traduzido em quatorze idiomas. Isso porque Carolina possuía a capacidade de
escrever com revolta e, ao mesmo tempo, sensibilidade.
Faleceu em 1977 e até hoje é no Brasil e no mundo uma
referência na literatura.
5. Nelson Mandela (1918-2013)
Nelson Mandela foi um importante líder político do continente africano.
Foi uma das figuras mais rebeldes na luta contra o racismo e
o apartheid, que segregava brancos e negros, retirando da população
negra todos os direitos sociais. Por conta de seu histórico revolucionário, foi
preso em 1962 com a justificativa de que conspirava contra a África do Sul.
Ficou encarcerado por 27 anos e em 1990 foi libertado, sendo
eleito presidente do país em 1994 e governando até 1999.
Mandela recebeu em 1993 o Prêmio Nobel da Paz e foi
homenageado com a criação do Dia
Internacional de Nelson Mandela, em 18 de julho.
6. Malcom X (1925-1965)
Malcolm-X foi um ativista americano que se dedicou à militância contra o racismo, chamando atenção principalmente para os assassinatos da população negra nos anos 50 e 60.
Defendia uma estratégia mais dura contra o opressor e foi
acolhido pelos movimentos de resistência Black Panters e Black
Power.
Em 1965 foi assassinado durante um discurso no bairro onde
viveu boa parte de sua vida, o Harlem. Malcolm tinha 40 anos.
7. Martin Luther King (1929-1968)
Martin Luther King foi um pastor e ativista americano que teve um papel essencial na luta pelos direitos do povo negro americano. Ele atuou a fim de que os negros pudessem votar, pelo fim da segregação racial e outros benefícios que não eram concedidos aos negros.
Sua militância foi pautada pelo ativismo pacífico, assim como
Mahatma Gandhi.
Recebeu em 1964 o Prêmio Nobel da Paz, pela relevância de
seus esforços contra o racismo.
Martin Luther King faleceu de maneira suspeita em 1968, aos
39 anos. Especula-se que sua execução foi uma encomenda de poderosos do governo
americano.
8. Angela Davis (1944-)
Angela Davis é uma professora e militante americana que luta pela causa do povo negro.
Foi ativista do Partido dos Panteras Negras para a
Autodefesa, fundado em 1966. Nessa época, seu empenho foi a favor dos direitos
civis, pelo fim da ação estadunidense na Guerra do Vietnã, Guatemala e El
Salvador. Angela também se dedicou à luta contra o sistema prisional americano
e a favor dos direitos das mulheres, sobretudo das mulheres negras e
pobres.
Na juventude foi presa sob acusação falsa de contrabando de
armas, sequestro e morte de um juiz. Por conta disso, foi condenada à prisão
perpétua, mas conseguiu fugir e passou a ser procurada pelo FBI. Angela tinha
apenas 24 anos. Capturada novamente, foi absolvida e proibida de ministrar
aulas na Califórnia.
Atualmente, Angela também é ativista das causas ambientais,
além de continuar na frente de resistência por um mundo mais justo, sem
exploração.
Na época da posse de Donald Trump, nos EUA, Angela se opôs e
declarou:
Nós representamos as poderosas forças de mudança que estão
determinadas a impedir que as moribundas culturas do racismo e do patriarcado
heterossexual se ergam novamente.
9. Bob Marley (1945-1981)
Bob Marley, cujo nome completo é Robert Nesta Marley, foi um compositor e ativista jamaicano responsável por difundir o estilo musical Reggae em todo o mundo.
Com seu posicionamento e sua música, Bob protestou contra
diversas questões sociais e conseguiu levar ao mundo mensagens de irmandade,
paz, igualdade, libertação, resistência e luta, além de tornar conhecido o
movimento religioso Rastafari.
Foi uma voz importantíssima para o povo negro e oprimido da
Jamaica, pois nunca deixou de citar em suas canções questionamentos
relacionados às suas origens.
10. Marielle Franco (1979-2018)
Marielle Franco foi uma vereadora do Estado do Rio de Janeiro, eleita com 46 mil votos pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em 2016.
Socióloga, lésbica e vinda de origem humilde - criada no
Complexo da Maré, no Rio de Janeiro - Marielle se dedicou a investigar e
denunciar o genocídio cometido pela polícia contra a população negra e pobre.
Ela se opunha às intervenções da Polícia Militar dentro das comunidades, e
chamava atenção para a atuação criminosa das milícias.
Além disso, no período de 1 ano e dois meses, ela apresentou
13 projetos de lei, sendo o direito das mulheres a pauta mais abordada.
No dia 14 de março de 2018, quando voltava de uma roda de conversa
com mulheres negras, foi morta a tiros dentro do seu carro; o motorista
Anderson Gomes, também foi assassinado. Especula-se que os crimes tenham sido
execuções encomendadas por grupos de milicianos.
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