O que é uma família. Nos
dicionários comuns consta que é o conjunto das pessoas relacionadas, por
criação ou geneticamente, a alguém. Pai, mãe, filhos, avôs etc. Na etimologia,
provém do Latim familia, que significa o conjunto das propriedades
de alguém, incluindo escravos e parentes; familia vem de famulus,
que significa escravo doméstico. Historicamente, a família é a
instituição mais antiga entre os seres humanos. É o tipo de organização que
predominou em muitas culturas. Desde os Mongóis, passando pela África e Europa
e chegando na América.
Ao longo dos tempos muitas
outras instituições surgiram, mas nenhuma substituiu a família. Porém, tal
instituição tem um significado social que vai além da questão genética. Muitas
famílias se tornaram verdadeiras organizações comerciais e políticas. Basta
observar a formação das máfias. Muito bem exemplificado pela trilogia “O
Poderoso Chefão”, a família patriarcal, em que o homem mais velho e mais
experiente controla e protege todos aqueles que pertencem aquele grupo.
Integrando parentes sanguíneos e pessoas aceitas, o objectivo principal da
instituição família é a união e proteção mútua.
Uma característica comum de
tal instituição é que, socialmente falando, existe uma questão de escolha ou
adaptação. Se um indivíduo não se identifica, ou não é aceito, pela família,
ele pode escolher outra que o acolha. Ou mais, ele pode formar a sua própria
família, de acordo com princípios próprios. Uma família, enquanto instituição
social, não é limitada à consanguinidade, heterossexualidade, nível
socioeconómico. O que faz de uma família uma família, é a união, o respeito, a
compreensão.
Existem instituições
familiares extremamente bem organizadas e coerentes. São aquelas em que a
convivência é regida pelo respeito mútuo, compreensão e proteção. São famílias
em que o mais importante é a união, e que criam seu próprio conjunto de normas
e padrões morais que valorizam a harmonia e o respeito acima de tudo. Existem
outras altamente conservadoras, tradicionalistas, e incoerentes que se orientam
por padrões morais externos. Por uma honra imposta por aquilo que as outras
famílias pensam ou julgam. Existem também famílias desmanteladas. Que não
compartilham espaços, confraternizações ou mesmo consideração afetiva.
A instituição familiar, para
ser forte e coerente, necessita de determinadas virtudes tais como ética,
flexibilidade às diferenças, orientações teóricas e práticas, acompanhamento e
instrução dos mais velhos para os mais novos. Presença constante nas fases de
transformação e formação da personalidade, sempre disposto a lidar com choques
de gerações. Ao contrário, o que temos visto são “famílias” que se limitam ao
sustento material. Dar comida, roupa, objetos, e, quando muito, pagar os
estudos. E quando surgem os conflitos pais e mães dizem aos seus filhos, “ora, mas
eu te criei e você me devolve isso?” Não se lembram que, para pai e mãe criar é
obrigação, e não favor.
Nas escolas, ocorre a
transferência de autoridade. Pais e mães trabalham o dia todo. Não se lembram
de perguntar aos filhos: como foi na escola? aprendeu o que hoje? qual o nome
do seu melhor amigo? qual professor você gosta mais? e assim sucessivamente.
Avôs, avós, tios e tias que tentam criar e dar uma educação que possa substituir
a paterna e materna. E o resultado são crianças e adolescentes totalmente sem
limites. Sem educação. Sem cordialidade e respeito com o próximo ou com os mais
velhos.
Essa situação social é cada
vez mais comum. E é resultado do fracasso das instituições familiares.
Fracasso perante a diversidade cultural, a liberdade de escolhas e
decisões, o choque de gerações e valores.
Tabus culturais e valores
morais são grandes desestabilizadores de famílias. Existem muitos casos de
moradores de rua, suicídios, envolvimento com drogas e crimes que resultaram de
exclusão e rejeição familiar. Homossexualidade, transtornos psicossociais,
deficits intelectuais estão entre os motivos que levam a tais problemas. Mas,
como já citado, a instituição familiar, muitas vezes pode ser reestruturada ou
reconstruída. Quando ocorre a rejeição, por motivos diversos, é comum que se
busque construir ou integrar novas instituições.
A principal questão é que, a
instituição social “família”, é a mais importante. É dela que partem os valores
éticos e morais que introduzem a consciência cidadã, o respeito à diversidade e
consciência social. Mesmo que ocorra o contrário em muitos casos. E quando isso
ocorre, é melhor que se busque formar ou integrar outras instituições.
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