Mitos sobre a origem do mundo,
a crença dos povos da Mesopotâmia, a crença bíblica, a crença sobre a origem do
mundo nas Américas, a cosmogonia dos índios no Brasil.
Ao estabelecer uma tipologia
dos mitos cosmogônicos é conveniente resumir os mitos de diferentes culturas,
para melhor compreender o que eles têm em comum.
Mesopotâmia. Os
povos mesopotâmicos, em especial sumérios e babilônios, desenvolveram uma
cosmogonia completa que se preservou em textos como o Poema de Gilgamesh e o
Enuma elish, com mitos consolidados durante o terceiro e o segundo milênios
antes da era cristã. Entre esses povos representava-se o início da criação como
um processo de procriação: os deuses teriam sido os elementos naturais que
formaram o universo, muitas vezes por meio de lutas contra forças
desagregadoras. Os babilônios, numa epopéia sobre a criação, glorificavam a
vitória de Marduk, o único deus bastante forte para derrotar o dragão Tiamat,
personificação do caos e das águas do mar.
Em linhas gerais, a mitologia mesopotâmica apresentava como princípio do mundo
Abzu e Tiamat, elementos masculino e feminino das águas, origens do universo
celeste e terrestre. Tiamat produziu o céu, de que nasceu Ea (o conhecimento
mágico), que engendrou Marduk. Este derrotou os outros deuses e dividiu o corpo
de Tiamat, separando assim o céu da Terra e, com o sangue de um monstro
derrotado, produziu o primeiro homem.
A Bíblia. Base religiosa de judeus e cristãos, em diferentes
cânones, os textos bíblicos, segundo um consenso da atualidade, devem ser
interpretados predominantemente como alegorias, que variam conforme os autores
que os escreveram.
O Gênesis, primeiro livro do Antigo Testamento, descreve a origem do mundo e do
homem com linguagem e imagens semelhantes às dos relatos mesopotâmicos. O
primeiro capítulo diz: "No princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a
terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, um vento de Deus pairava
sobre as águas. Deus disse: 'Haja luz' e houve luz. Deus viu que a luz era boa,
e Deus separou a luz e as trevas. Deus chamou a luz 'dia' e as trevas
'noite'. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia. (...) Deus disse:
'Fervilhem as águas, um fervilhar de seres vivos e que as aves voem acima da
terra, diante do firmamento do céu' e assim se fez. (...) Deus criou o homem à
sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou."
O segundo capítulo do Gênesis traz um relato mais antigo sobre a criação:
"Então Iavé Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas
narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente."
América. Os
onondagas, povo que habitava a região que posteriormente seria o estado de Nova
York, nos Estados Unidos, elaboraram uma cosmogonia mística inteiramente
particular. Em essência, o relato pode assim se resumir: o grande cacique das
regiões celestiais cansou-se de sua mulher e lançou-a às infinitas águas
turvas. Ela pediu ajuda aos animais marinhos para que retirassem o barro do
fundo do mar. O sol secou o barro e pôde instalar-se nele a Mulher celestial,
ou a grande mãe Terra.
Entre os povos americanos foram provavelmente os maias que desenvolveram um
mito mais coerente sobre a origem do mundo. Sua explicação remonta ao princípio
último e concebe a criação em 13 etapas. Na primeira, Hunab Ku, o deus uno,
fez-se a si mesmo e criou o céu e a terra. Na décima terceira, tomou terra e
água, misturou-os e desse modo foi moldado o primeiro homem. Mesmo assim, os
maias consideravam que vários mundos se haviam sucedido e que cada um deles se
acabou em conseqüência de um dilúvio. O Popol Vuh, dos povos maias, constitui
uma extraordinária narrativa cosmogônica e se refere à criação do primeiro
homem a partir do milho.
Em outras religiões ameríndias, as crenças e mitos cósmicos também se
relacionam com os elementos da natureza. Para os incas, o lugar da criação do
homem pelo deus Huiracochá situava-se perto do lago Titicaca, nas proximidades
de Tiahuanaco. Os astecas, segundo o Código matritense, situavam em Teotihuacan
a catástrofe cósmica que pôs fim à idade anterior. Nesse lugar, os deuses se
reuniram para deliberar quem se lançaria na fogueira para transformar-se em
Sol, o que foi conseguido pelo humilde Nanahuatzin.
No Brasil, a cosmogonia dos
índios se reporta a um criador do céu, da Terra e dos animais (o Monã dos
tupinambás) e a um criador do mar, Amã Atupane, talvez Tupã, entidade mística
que os jesuítas consideraram a expressão mais adequada da idéia de Deus surgida
nos domínios da catequese.
Publicado por: Thiago Roberto da Silva Rego
Nenhum comentário:
Postar um comentário