O
mundo moderno se vê diante de desafios às vezes aparentemente intransponíveis.
Um dos maiores dilemas que se apresenta hoje à Humanidade é o da esfera
ambiental. Tentando compreender e solucionar estes problemas que afetam
profundamente a capacidade de sobrevivência do Homem na Terra, surgiu a
Ecofilosofia, movimento filosófico nascido no século XX.
Seus
seguidores crêem que a civilização realizou escolhas equivocadas que a leva,
hoje, a ameaçar sua própria existência no Planeta, que vê seus recursos
naturais se esgotarem com incrível rapidez. Boa parte dos filósofos ocidentais
ainda prefere desprezar a Natureza e suas implicações na vida humana,
concentrando-se nos dilemas espirituais. Mas recentemente uma nova corrente,
conhecida como Ecofilosofia, tem se dedicado a observar mais atentamente a
dimensão natural.
Nascida
em 1973, a ecologia profunda - assim chamada em contraposição à ecologia rasa,
mais focada em questões circunstanciais, como a poluição e o esvaziamento dos
recursos oferecidos pela Natureza -, foi criada pelo norueguês Arne Naess, que
opta pela expressão ecosofia, traduzida como saber referente ao meio ambiente.
Enquanto a ecologia rasa prioriza a qualidade de vida dos habitantes das nações
desenvolvidas, a ecofilosofia se preocupa com o progresso pessoal, não
econômico.
A
ecofilosofia mergulha bem mais fundo em suas preocupações, pois expõe os
próprios alicerces da sociedade ocidental, desvelando sua excessiva preocupação
com os lucros econômicos e o desprezo pelo meio ambiente. Seus adeptos jamais
se valem do uso da violência para impor suas crenças; são todos pacifistas. Não
é à toa que um dos ídolos de Naess seja Gandhi.
O
criador da ecologia profunda só acredita na possibilidade de progresso que leve
em conta a evolução humana. Ele propõe uma visão holística que perceba a
totalidade da existência humana e sua interação completa com o tecido
planetário, uma fusão total entre o ser e o mundo no qual ele habita. Este
ponto de vista pressupõe a aceitação das diferenças, a convivência com a
alteridade, o respeito ao território sagrado do outro, a sua capacidade de
realização pessoal. A ecofilosofia é permeada, portanto, pelo mais amplo
sentimento de tolerância.
Os
ecofilósofos não vêem o Homem como um ser que se encontra no ápice da
hierarquia evolutiva, pronto para dominar a Natureza. Esta mentalidade pode
levar a um choque entre a Humanidade e os recursos de que o Planeta dispõe.
Eles são profundamente inspirados por idéias provenientes das mais diversas
culturas, como, por exemplo, a indiana. Estes filósofos também investigam a
fundo a forma de vida dos povos primitivos, tentando resgatar princípios que o
ser humano perdeu ao longo do tempo.
O
Homem se vê diante de uma iminente modificação paradigmática. Neste sentido a
ecofilosofia possibilita uma transformação na visão de mundo e na forma do ser
humano interagir com ele. Esta filosofia considera importante buscar a
simplicidade, o respeito ao outro, a generosidade, uma maior convivência com a
Natureza. A Humanidade precisa reaprender a viver em contato com a esfera
natural, mais integrada ao ambiente que a cerca e do qual ela se alimenta.
Fontes
Gaarder, Jostein. O Mundo de
Sofia. Romance da História da Filosofia. Cia das Letras, São Paulo, 1995.
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